quando
era menina
amava os marinheiros franceses
no cais
deitada
com imaginação de liberdade
nos braços
quando
frescos semeavam
eu
ilha
petrificada na névoa
procurava
arrastando o corpo pela terra
luz que me atravessasse
assim
quando
hoje
qual réptil
chego às pedras inclinadas
e lá enfio os dedos rasgados
pelo mar que me entope dentro
onde
entupida em sal
me conservo
branca
inconformada
perplexa
comigo mesma
quando não rebento em rosas
falta-me a expansão dos espaços sem rosto
falta-me esse segundo de silêncio
falta-me a cidade perpétua sem olhos
falta-me teus olhos de areia iluminados
falta-me o grito da minha vulva nos corpos dos anjos
falta-me...
... essa harmonia
Manuela Alves. Marina de Ponta Delgada, 2006
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